(Citado na edição brasileira da revista Seleções do Reader’s Digest de dezembro de 2001. pág. 131)
Quando Debbie Clark levou Adam, seu filho autista de 3 anos, a um musicoterapeuta, o menino mal conseguia falar. Na clínica da Universidade Estadual da Califórnia, os terapeutas incentivaram o garoto a se expressar, tocando instrumentos e tambores. E musicaram conversas a fim de fazer Adam falar. “Em três meses a transformação foi fenomenal” diz Debbie. “Antes, Adam nunca olhava pessoas desconhecidas nos olhos, muito menos falava com elas. Agora, dá adeus aos terapeutas e diz: ‘Tchau, Jim. Tchau, Ron. Até semana que vem.’ Pode acreditar: isto é música para os meus ouvidos.”
Pesquisadores vêm descobrindo que a música pode ajudar a curar de várias maneiras.
Vítimas de queimaduras estimuladas a cantar quando lhe trocam as ataduras sentem menos dor.
Pacientes de câncer que ouvem música e aprendem a tocar instrumentos, por exemplo, vêem os níveis de hormônios do estresse cair e o sistema imunológico se fortalecer.
Parte do poder da música resulta da capacidade de reduzir a ansiedade – que pode comprometer as defesas imunológicas, bem como intensificar a sensação de dor.
A música, em especial o canto, desvia a atenção da pessoa do sofrimento e alivia a tensão.
As experiências com crianças autistas como Adam Clark sugerem que os efeitos da música vão além, influenciando mesmo o desenvolvimento cerebral.
O uso terapêutico da música parece ativar partes diferentes do cérebro, inclusive áreas associadas a controle motor, memória, emoção e fala, explica o neurocientista e músico Michel Thaut, da Universidade Estadual do Colorado.
Em seu trabalho, Thaut vem se valendo da estreita ligação entra música e movimentos para ajudar vítimas de acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, distrofia muscular e mal de Parkinson. Segundo o musicoterapeuta Ron Borczon, “há séculos os curandeiros usam músicas e tambores. Estamos apenas redescobrindo o que sempre souberam: a música, por meio de sua profunda repercussão sobre a mente e o corpo, pode ser uma arma poderosa para curar as pessoas”.